Ídolo em grandes clubes do futebol brasileiro, sobretudo Palmeiras e Fluminense, o atacante Tuta busca um recomeço no União Barbarense, clube que disputa a Série A2 do Campeonato Paulista. Aos 37 anos e visivelmente mais “gordinho”, ele garante que ainda tem muita lenha para queimar.
- Nos últimos dois anos joguei tão pouco que deu a impressão que eu tinha parado mesmo. Mas acho que uns dois anos ainda dá pra jogar tranquilamente. E pelo nível que eu tenho visto por ai, em times de maior expressão. A princípio quero ajudar o União a subir, mas ai vão ver que eu
estou bem e pode aparecer algo.
Revelado pelo Araçatuba, em 1994, Tuta se transformou em um daqueles “ciganos da bola”.
Só no Brasil atuou em 15 clubes. Fora, esteve em duas equipes da Coreia do Sul e, na Itália,
defendeu o Venezia. Fala com bom humor sobre quase todos os clubes. Até do Flamengo,
clube segundo o qual, nas suas próprias palavras, foi expulso. A exceção é o clube italiano.
- A história é longa... Eu marquei o gol da vitória e ninguém comemorou – disse o atacante, ao se
recordar da emblemática partida disputada no dia 24 de janeiro de 1999, contra o Bari. Tuta
marcou, de cabeça, no último lance do jogo, então empatado por 1 a 1.
Os companheiros, a não ser o brasileiro Fábio Bilica, pouco vibraram. Os adversários tentaram agredi-lo na saída do campo. O resultado da partida foi contestado. Tuta depôs na Federação Italiana, mas negou tudo. Hoje, fala mais à vontade do assunto.
- Você vê o Juventus, há pouco tempo foi rebaixado. Lá na Itália é tudo manipulado. Você conversa com outros jogadores brasileiros e eles te contam que pedem pra não jogar quando sabem que o jogo está armado. Eu ia ficar três anos lá. Fiquei um só, porque não dava.
De volta ao futebol nacional, Tuta foi artilheiro pelo Vitória e logo foi contratado pelo Flamengo.
- Fui expulso de lá praticamente. O clube me emprestou para o Palmeiras. Ainda bem, porque fui muito feliz lá. O Palmeiras e o Fluminense foram os clubes que mais me deram alegrias. E
sempre fiz gol neles (Flamengo). Em sete clássicos com a camisa do Fluminense, marquei
em todos e só perdi um.
Quem analisa o currículo do atleta não entende as preferências do atacante. No Flamengo, foi campeão carioca em 2000. No Palmeiras e no Flu, amargou derrotas históricas. O que mostra que nem só de título vive um jogador.
- O ambiente no Fluminense era ótimo, a torcida me adorava. Uma das maiores tristezas da minha vida foi perder aquela final da Copa do Brasil para o Paulista. E no Palmeiras a mesma coisa. Teve aquele 4 a 3 para o Vasco na final da Mercosul – disse o atacante, ao recordar das finais de 2005 e 2000, respectivamente.
No Tricolor das Laranjeiras, ainda conquistou o Carioca de 2005. No Verdão, apesar de
ídolo, não ergueu troféus. Na sua galeria particular, acumula ainda dois Paranaenses (1998
pelo Atlético-PR e 2004 pelo Coritiba) e um Gaúcho (pelo Grêmio, em 2007)
Foi no clube gaúcho, também, que Tuta teve seu último grande momento no futebol. A equipe, então comandada por Mano Menezes, chegou à final da Libertadores da América, mas perdeu os dois jogos da decisão para o Boca Juniors. Com um segundo semestre apagado, o atacante deixou o clube no início do ano seguinte. Voltou a atuar pelo Fluminense. Passou por Figueirense e São Caetano. Em 2010, acertou com o modesto Resende para a disputa do Carioca. Lá, sofrera uma lesão que, para muitos, acarretaria no fim da sua carreira.
- Tive um esporão no pé esquerdo. Fiquei o ano inteiro sem jogar. Ano passado fui disputar a Série C pelo Brasiliense. Mais contusões, porque tinha ficado muito tempo parado. Joguei umas três partidas só. Depois decidiram apostar mais na molecada, e perdi espaço.
Persistente, o filho ilustre de Palmital, no Oeste de São Paulo, enxergou no União Barbarense a oportunidade de virar a página. O início não foi fácil. De cara, levou uma pancada no treino e ganhou 13 pontos na canela. Mas os pontos também vieram na tabela de classificação. O time é o atual vice-líder da Série A2, atrás apenas do RB Brasil, clube-sensação do futebol paulista. Tuta já marcou um gol no campeonato, mas sabe que agora tem outro papel no time.
− Os zagueiros estão sempre preocupados comigo. Tem sempre dois de olho. Um em cima e outro mais atrás. Eu abro espaço para os outros jogarem. Tenho falado isso para os meus companheiros e eles têm aproveitado. Mas deixa o marcador bobear para ver se eu não meto na rede...