terça-feira, 20 de março de 2012

Em pré-estreia de tributo à mãe, Maria Rita emociona ao percorrer universo feminino cantado por Elis Regina


Acompanhada de sua banda, Maria Rita subiu ao palco do Vivo Rio, na capital fluminense, às 22h20 para apresentar o projeto "Viva Elis" à um seleto grupo de 800 convidados, entre eles João Bosco, Milton Nascimento, Moraes Moreira e atores como Adriana Birolli, Sophie Charlotte e Regiane Alves.
 
"Ave Maria!", exclamou a cantora após cantar "Imagem", "Arrastão" e "Como Nossos Pais". "Que seja percebido e intuído que isso é uma homenagem para a mulher que, para mim, é a maior cantora que esse pais já teve. Se a Elis viver dentro do coração da gente isso quer dizer que ela não se foi. Minha missão hoje, aqui, é manter a memória da minha mãe e vou fazer isso até o último momento da minha vida",  disse Maria Rita.
O projeto conta ainda com uma exposição e um livro sobre a carreira de Elis. A ideia partiu de João Marcello Bôscoli, primogênito da cantora que é mãe também de Pedro Camargo Mariano, e que faz parte do aniversário dos 30 anos da morte de Elis, completados em janeiro de 2012.
 
Vestindo um macacão branco com sobreposição esvoaçante, Maria Rita contou que até chegar ao repertório final havia selecionado mais de 60 canções e não escondeu o nervosismo ao subir no palco. "Rolou um bolão para saber até quando eu ia durar no show. Achei que na primeira musica já ia estar chorando, mas estou indo bem", brincou Maria Rita.
Ela cantou na seqüência três músicas de artistas dos quais Elis era fã: "Vida de Bailarina", eternizada por Ângela Maria, "Bolero de Satã", sucesso na voz de Cauby Peixoto e "Águas de Março", marco na voz da própria Elis em dueto com o maestro Tom Jobim.
 
Mais relaxada no palco, Maria Rita mostrou desenvoltura e, principalmente, semelhança vocal com a Elis nos sambas "Vou Deitar e Rolar" e "Agora Tá", e precisou de uma colinha para lembrar da letra de "Querelas do Brasil". 
 
"Essa música é um hino da Anistia e que me lembra da mulher cidadã, da cantora e artista engajada que esteve envolvida nas questões políticas do país e que há muito não se vê", falou Maria Rita antes de entoar um dos maiores sucessos de Elis, "O Bêbado e a Equilibrista". Ainda no bloco político do show, Maria Rita cantou "Menino" e "Onze Fitas". Um dos momentos de maior emoção do show foi quando Maria Rita percorreu o universo feminino cantado por Elis, a exemplo das canções "Me Deixas Louca" e "Tatuagem". 
A cantora que tinha apenas três anos quando Elis morreu, em 1982, falou sobre a saudade que sente da mãe. "Quando menina a gente não entende essa música, quando adolescente a gente sente vergonha e quando adulta a gente se identifica e sente vontade de cantar", falou ela sobre "Tatuagem", de Chico Buarque.
"Fico imaginando as conversas que teria com a minha mãe, que tipo de bronca ela me daria, se ela diria para mim o tipo de cara que não vale nada. Em uma entrevista ela disse que seríamos grandes amigas e hoje nossos universos se encontraram", contou. Sem conseguir conter a emoção, Maria Rita deixou escapar algumas lágrimas ao final de "Se Eu Quiser Falar com Deus".
 Um dos maiores parceiros e amigo de Elis, Milton Nascimento não foi esquecido por Maria Rita. "Herdei de minha mãe a amizade com o Milton Nascimento, ela gravou quase tudo dele e dizia que se Deus tivesse uma voz essa voz seria a de Milton", disse ela ao cantar "Morro Velho", "O Que Foi Feito Deveras" e "Maria, Maria".
 
O bis trouxe os sucessos "Fascinação", "Madalena" e "Redescobrir", cantados em coro pela plateia. Para o estilista Carlos Tufvesson o show "foi lindo". "Não pensei que fosse ver isso tudo. Em alguns momentos parecia que ela tinha incorporado a mãe", disse.
 
A atriz Leona Cavalli achou o espetáculo "muito especial". "Foi um momento histórico. A energia da Elis esteve em vários momentos do show", disse. Sheron Menezzes também se derramou em elogios para Maria Rita. "Ela demorou para cantar Elis, mas escolheu o momento certo. É incrível como elas são parecidas e distintas ao mesmo tempo. A Maria Rita conseguiu imprimir a personalidade dela nas canções", comparou.
 
A turnê "Viva Elis" estreia para o grande público no dia 24 de março em Porto Alegre e passa por outras quatro cidades. Os shows são gratuitos.




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