Estrear no meio do campeonato, não ter posição garantida num setor povoado no elenco e contar com um passado no arquirrival. Isso sem contar com o salário mais baixo do que o padrão dos dois anos anteriores. O cenário não era dos mais animadores para Fellype Gabriel, no fim de janeiro, ao embarcar no desafio que o Botafogo lhe ofereceu. Mas o meia tinha um trunfo: a indicação de Oswaldo de Oliveira.
Escalado como volante na final da Taça Rio, contra o Vasco, o meia esbanjou maturidade e eficiência, requisitos necessários para que o chefe e a crítica o apontassem como um dos jogadores mais obedientes taticamente. Tudo isso faz Fellype retribuir a reverência a Oswaldo, que, segundo ele, devolveu sua paixão pelo futebol.
- Ele conseguiu resgatar algumas coisas em mim, essa paixão, essa vontade de me envolver e de tentar ser perfeito na função que vou exercer. Não era de assistir muito a jogo. Em casa, gosto de aproveitar mais o tempo com a família. Mas de tanto conversarmos sobre isso no Japão, passei a observar com atenção os rivais, me preparar mais e gostar daquilo, não só de jogar. Antes, só descobria o que time tinha de bom quando começava o jogo. Hoje, é bem diferente. E, claro, tinha de estar pronto para discutir futebol com o Oswaldo (risos) - revelou.
No início, o meia estabeleceu como objetivos acabar com duas prováveis situações: o peso do passado rubro-negro, que poderia lhe render críticas a mais da torcida, e a possibilidade de ser tratado como um queridinho do treinador pela forte ligação que construiu e pelo esforço feito para sua vinda - foi o único reforço em 2012 que assinou com a anuência do chefe.
- Tinha que dar a resposta em campo. Foi ele que me trouxe, mas não podia aceitar esse rótulo de protegido. E deu certo. Comecei fazendo o simples, até sem arriscar os dribles. A motivação foi maior por isso e pela questão de ter sido revelado pelo Flamengo - admitiu Fellype, frisando que a entrega em campo e fora dele não depende do time. - Meu foco é o mesmo, não muda.
Em Portugal e no Japão, o camisa 11 foi improvisado como volante. A facilidade para a função, garante, tem tudo a ver com o detalhismo dos orientais, que casou com sua postura.
- O profissionalismo que eles têm te deixa pronto para qualquer situação. Se você treina muito e absorve aquilo, termina batendo bem na bola com as duas pernas, se policia para não deixar de guardar posição... É uma questão de cultura, é um nível acima do futebol árabe, por exemplo - avalia o jogador, em explicação sobre a razão de não ter tido dificuldade de se readaptar.
A mãe Shirley, que o acompanhou na entrevista junto do afilhado Richard, não tem dúvidas ao afirmar que a disciplina do filho nas quatro linhas está ligada à educação que deu a ele. Professora de alfabetização, ela conta que o comportamento de Fellype era exemplar.
- Se eu falasse para chegar em casa às 22h, ele chegava 15 minutos antes. Já o irmão (Diego, dois anos mais novo) era ao contrário. Então a serenidade, o talento e a organização já sabíamos que ele tinha. Hoje, diz que deu um passo para trás financeiramente para se firmar no Brasil, algo que ele sempre quis, para dar dois à frente mais tarde - disse.
Fonte: globoesporte.com ( http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2012/05/fellype-gabriel-agradece-oswaldo-resgatou-minha-paixao-pelo-futebol.html)
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